Ao longo do Século XX disseminou-se pelo mundo o uso de produtos químicos na agricultura e na pecuária. Por meio da alimentação, resíduos desses produtos chegaram ao organismo humano, com repercussões negativas na saúde.
Essa situação despertou em muitos profissionais e na sociedade como um todo a urgência de se criarem animais e de se cultivar a terra de maneira mais sadia para o homem, para os animais e o para meio ambiente
A produção orgânica de alimentos se coloca como alternativa para corrigir efeitos nocivos do modelo de agricultura convencional. Tem como proposta resgatar e aperfeiçoar o modelo de agricultura quase orgânico que, por muitos séculos, se praticou, quando então eram comuns retorno da matéria orgânica ao solo, o uso de adubação verde, a rotação e o consórcio de culturas.
Hoje, o sistema orgânico de produção busca atualizar esse modelo fazendo uso de variedades de alta produtividade em cultivos diversificados no manejo ecológico. Utiliza-se de fertilizantes orgânicos, complementados por adubos minerais pouco solúveis, o que proporciona às plantas equilíbrio metabólico, sem acúmulo de substância solúveis na seiva, tornando-as mais resistentes ao ataque de pragas e patógenos (teoria da trofobiose).
O balanço energético dos sistemas orgânicos é sempre positivo, porque os insumos são naturais, e os gastos com petróleo são reduzidos. A eficiência energética, que hoje é considerada como fator mais importante do que a produtividade, é sempre maior nos sistemas orgânicos do que nos convencionais, o que significa que o produtor orgânico é capaz de produzir alimentos, tanto quanto ou mais do que o convencional, a um custo benefício maior.
O uso da matéria orgânica no solo evita a erosão, reduz o escorrimento superficial das águas das chuvas, permitindo assim maior penetração dessas águas no solo. Este processo aumenta a porosidade do solo pela agregação de partículas pelo húmus. Estimulada pelas substâncias húmicas, a raiz aumenta sua capacidade absortiva de nutrientes, de hormônio de crescimento, de antibióticos naturais, de vitaminas, de aminoácidos e de outros componentes (minerais e orgânicos), liberados no solo pelo aumento da atividade microbiana. A matéria orgânica humificada melhora as propriedades físicas e biológicas do solo, permitindo que as raízes se desenvolvam mais, e, assim, a planta poderá competir satisfatoriamente com plantas invasoras, explorando perfil maior do solo, para retirar seu sustento. Nesse ambiente, as plantas serão mais viçosas, sadias. É a terapêutica dos adubos orgânicos (Pascal, Adilson D., 1994).
O sistema orgânico de produção é económico, social e ambientalmente desejável. Pelas especificidades da agricultura familiar, o modelo orgânico se ajusta perfeitamente à sua dinâmica, necessitando, no entanto, ser construído participativamente, fortalecendo as suas várias formas associativas de organização.
No Brasil, o Ministério da Agricultura publicou as Normas disciplinadoras de produção, tipificação, processamento, envase, distribuição, identificação e certificação de produtos orgânicos. Acredita-se que esta normativa será um marco na Agricultura Orgânica brasileira e deverá incrementar a atividade com enfoque no apoio técnico.
Considera-se sistema orgânico de produção agropecuária e industrial todo aquele que adota tecnologia que otimize o uso de recursos naturais e socioeconômicos, respeitando a integridade cultural e tendo por objetivos a auto-sustentação no tempo e no espaço, a maximização dos benefícios sociais, e a minimização dos riscos a saúde do consumidor, do agricultor e do meio ambiente:
• a preservação e a ampliação da biodiversidade dos ecossistemas, natural ou transformado, em que se insere o sistema produtivo;
• a conservação das condições físicas, químicas e biológicas do solo, da água e do ar;
• o fomento da integração efetiva entre o agricultor e consumidor final de produtos orgânicos.